domingo, 14 de agosto de 2022

Introspeção

Sempre tive dificuldade em exprimir as minhas emoções. Desde miúda. Esse universo da emoção, só meu, me levava para uma tristeza profunda e muitas vezes para o desespero. E para mim o desespero era algo que não passava, algo que não tinha remédio. Deixava-me ir com a emoção, eram dias sombrios, em que a criança que eu fui sentia uma ansiedade enorme, uma tristeza profunda. Deixava-me ir sem saber sair. 

Sentia me profundamente indesejada e a observação do meu pequeno mundo me levou a acreditar que as pessoas só tinham filhos por acidente, ninguém os desejava a não ser para os ajudar na velhice. 

Um sentimento muito profundo de não poder contar com ninguém acompanhou me desde que tive a consciência de ser gente. Esse sentimento veio naturalmente despoletado pela relação com a minha mãe. Vivi até à idade adulta a achar que, por um lado, isso era normal, e por outro lado, quando vislumbrava a anormalidade da situação, a sentir uma grande vergonha que me fazia guardar a realidade só para mim. 

Os meus pais não questionavam, desde que eu fizesse o que era suposto -- ir à escola e estudar. Visto agora, a escola, e tudo o que vinha a aprender, me levavam para o campo da matéria, onde necessariamente, era preciso sair do Lago Negro da emoção. Sem processar, essa emoção ficou coagulada pelo corpo a espera de ser libertada pelas lagrimas que caiem agora ...

Eu adorava a escola, adorava estudar, observar, aprender as leis da matéria. Lá, ficava concentrada, ficava fascinada e a conseguir levar esse desejo de conhecer para
a natureza à minha volta. Observava os animais, esses seres tão genuínos que me davam o Amor que eu não tinha antes conhecido. O Amor que eles davam às crias e que nas breves vidas deles alimentava uma eternidade.

Olhar a perfeição da natureza trazia me a alegria, até diria, a felicidade. A escola era também sinônimo de sair de casa, da atmosfera de controlo e constrangimento, umas horas por dia. E eu gostava e sentia a como uma porta por onde entrava a brisa fresca.

Fez sempre parte da minha natureza mais profunda saber aproveitar o melhor do que o Universo me oferece e o mais importante foi não me esquecer de mim. Decidi escrever, para me libertar dos fantasmas do passado e para honrar a minha Alma. E talvez para inspirar outras pessoas e mostrar que é possível.

Começa hoje esta aventura de abertura da Alma.

Tenho o bom quentinho no peito !  

AMT

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