segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Ser mãe

Penso muitas vezes se estarei a ser uma boa mãe. Faço o melhor que posso, mas como saber? Os bebés não nascem com livro de instruções!

Eu até sou boa a seguir as instruções do IKEA, ou de qualquer outra marca, quando compro um móvel para montar, mas os bebés não são móveis e, seguramente, não trazem nem o livrinho de instruções nem os parafusos. Muito menos os parafusos, esses às vezes davam muito jeito. Mas para nós, mães. Sim, porque em certas horas, ficamos completamente desaparafusadas.

Ninguém prepara as mães para o que aí vem. No inicio, os bebés choram, porque têm fome, porque têm frio, porque estão sujos, porque têm cólicas, porque sentem medo, porque… enfim, choram por tudo. E como é que eu conseguia distinguir? Porque chora ele agora? Tinha que fazer uma check-list: já vi a fralda, check; já dei a papinha, check; já vesti mais um casaquinho, check; bom, ele continua a chorar, então, devem ser cólicas, é o que sobra da lista. Ufa!

E eles aprendem tão rápido que é impressionante. Com o crescimento aprendem a fazer aquelas expressões, aquelas carinhas de safadinhos, que sabem perfeitamente vão fazer as nossas delicias e passam assim ao lado de um grande ralhete. Podem pintar as paredes da sala com os marcadores de todas as cores, podem arrancar as penas ao papagaio, podem pintar as unhas dos pés do avô enquanto ele dormita no sofá, …ninguém se chateia com nada. Até acham muita graça!

Atualmente, no meu papel de mãe de um adolescente, pergunto-me muitas vezes se deveria repreender o meu filho. E muitas vezes, quem me repreende é ele. Se faço uma asneira, já sei que ouço uma chamada de atenção do meu filho! E quando é o contrário, eu fico dividida entre ralhar com ele, ou adotar as técnicas todas de que falam os psicólogos, mas que, mais uma vez, não nos ensinaram antes de sermos mães.

Ser mãe é uma profissão de alto risco. Sem seguro, sem salário, sem fins de semana e sem férias. E não me posso demitir. Mesmo que esteja a desempenhar mal o meu papel. E estágio? Não tive. Foi tudo por intuição. Principalmente, a saúde. Sim, as doenças. A certa altura, eu já ligava à médica e era eu que lhe dizia a causa do problema, quais os sintomas, e o que ele deveria tomar. Só precisava da receita. A mãe conhece melhor o seu filho do que um médico que o vê uma vez.

Mas é difícil ser mãe. A cada dia, não se sabe o que vai acontecer, porque ainda não chegámos a esse capítulo do livro. Espera-se sempre que o livro tenha um final feliz e que um dia se possa dizer que foi uma história única e maravilhosa. Por mim, esta foi e é a melhor bênção que recebi na vida. 
E o amanhã? Estou à espera que saía o próximo livro da coleção…
CC

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