terça-feira, 23 de agosto de 2022

Rejeição e reconhecimento

Era uma vez uma menina que passava o tempo a estudar. Tentava fazer tudo bem feito, perfeito, para que ninguém lhe apontasse defeitos. Fazia tudo a pensar que era isso que esperavam dela. Quando ouvia uma critica, não lidava bem com ela e, se alguém lhe dizia que algo não estava bem, mais ela se esforçava por agradar. No fundo, passava o tempo a querer ouvir uma palavra de reconhecimento.

Durante anos, esforçou-se na tentativa de obter essa palavra, de sentir orgulho por parte da sua família. Foi pioneira em muitas situações, em muitas ações, e, principalmente, tinha uma forma de pensar e de agir diferente do que era esperado do seu papel de mulher na sociedade. Mesmo assim, ela pensou sempre: “Um dia vou ouvir o quanto gostam de mim, mesmo com os meus defeitos, o quanto estão orgulhosos por tudo o que consegui, mesmo que em alguns momentos não tenham entendido as minhas razões ou decisões.” Mas não. Essas palavras nunca chegaram de quem ela queria. Ouviu-as de pessoas amigas, colegas e até mesmo estranhos, mas nunca as ouviu de quem ela sempre desejou.

Também pensou que provavelmente não as ouvia porque esperavam que ela fosse forte e que, em nenhuma situação, deveria mostrar fraqueza. Assim, enfrentava todos os “Golias” que lhe apareciam pela frente da melhor forma que conseguia, sem tempo para ficar com depressão, sem tempo para parar e fragilizar-se. Tinha a certeza que era isso que queriam que fizesse. Assim, iria ouvir as tão esperadas palavras de reconhecimento. Mas não. Nada. Novamente, ouviu-as de outros, mas não da família.

Até que, um dia, esta menina, agora já crescida, parou para refletir e a resposta veio através de uma leitura num livro: “…aceita vivenciar o que te está a ser proposto, seja o que for. Se não puderes mudar o rumo dos acontecimentos, fica, não fujas da dor. (…) Sente até ao fim. Chora, se for preciso. Só assim estarás pronto para arrumar o assunto e continuar a jornada. Jesus”. (“O Livro da Luz", Alexandra Solnado).

Afinal, eu estava a ver apenas uma perspetiva e esqueci que neste mundo existem sempre dois aspetos: o bom e o menos bom. Eu procurava o bom, desesperadamente. Até que entendi, que por vezes, é mesmo intenção do Universo que passemos por esses desafios para podermos evoluir. Se estamos a passar por determinada situação, não podemos sentir pena de nós próprios, temos de analisar: "porque atraí eu esta situação? O que é suposto eu aprender com isto?" Afinal, tudo está milimetricamente orquestrado pelo céu. E se eu atraí determinada situação é porque existe alguma aprendizagem para fazer. Assim, estou a aprender a aceitar e deixar fluir.

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