quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Somos todos um

Esta semana estava a fazer umas arrumações no jardim (Foi a forma que encontrei naquele momento para estar um pouco sozinha e poder falar comigo). Estava tão absorta nos meus pensamentos que, de repente, quando olhei para o gradeamento da minha casa, vi do lado de fora uma pessoa que nunca tinha visto. Apanhei um susto. Era um senhor muito pálido, com ar doente. Olhei para ele e pensei: “Bom, ele deve estar ali apenas a observar”. Mas nesse momento, ele chamou-me: “Chegue aqui!” E eu senti um aperto no meu coração. Achei que era medo e não me aproximei. Apenas disse: “Diga? O que deseja?” E ele, a medo, começou a sussurrar: “Sabe, ali naquela casa, elas ouvem as nossas conversas…”. Perplexa, eu fiquei a observá-lo sem conseguir dizer nada, como se tivesse um nó na garganta. Mas em segundos, uma senhora aproximou-se dele e, meigamente, pediu para ele a acompanhar. Ele foi, sem resistir. (Na minha rua existe há muitos anos um lar de idosos e eu nunca tinha visto nenhum dos utentes que reside lá).

Naquele momento, fiquei parada a olhar enquanto ele se afastava e ia pensando: “O que se passou aqui? Porque veio este senhor ter comigo? Qual será a mensagem que é suposto eu receber?” E por uns segundos, talvez minutos fiquei a meditar sobre este acontecimento. De repente, intuí o seguinte: “Já pensaste no que se pode passar de doloroso dentro de lugares como este? Já pensaste em todos os seres humanos que vivem e terminam a sua vida terrena nestes locais, afastados das famílias, deixados ali porque as suas famílias têm vidas apressadas, e acabam, por vezes, por ser proibidos de falar, de ter escolha, de viver! Como será que se sentem? O que se passa nas suas mentes?” Senti um aperto no coração ainda maior que o anterior. Então percebi. O primeiro aperto não foi medo, foi dor. Era como se eu tivesse sentido a dor que aquele senhor sentia, era como se ele quisesse falar, quisesse exprimir-se e não conseguisse.

Senti uma tristeza que me fez pensar: “O que posso eu fazer?” Então, naquele momento parei o que estava a fazer, olhei para o céu, e comecei a pedir aos meus queridos seres de Luz que enviassem muita luz para aquele local. Olhei para o edifício e enquanto, na minha intenção, pedia Luz, subtilmente parecia que via uma energia densa a deixar o local. Demorou algum tempo e fui sempre pedindo ao mundo espiritual que ajudasse aquele local a ficar mais preenchido com a sua infinita Luz.

Firmei um compromisso comigo mesma de que, todos os dias, enviaria luz na minha intenção para aquele local, enquanto sentisse que teria de o fazer. 

Este relato pretende lembrar a cada ser humano que “somos todos um”. Todos nós temos uma missão de auxilio ao outro e todos podemos ajudar. Se ajudo alguém, estou a ajudar a mim mesmo, porque a vida é como um espelho. Ela reflete aquilo que lançamos para o Universo. Como podemos ajudar? Não precisa ser ajuda financeira! Que tal disponibilizarmos um pouco do nosso tempo para conversar com quem se sente só? Ou, quem pretender, pode, na sua intenção, enviar Luz para melhorar a energia de quem está mais frágil. Podemos começar pelos que nossos entes queridos, mas se o fizermos a um desconhecido, fazemo-lo a nós próprios e estamos a ser abençoados por isso.
CC

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